A possível retaliação comercial anunciada pelo presidente Lula contra os Estados Unidos, com a aplicação de tarifas de até 50% sobre produtos americanos, pode gerar efeitos negativos diretamente na economia de Parauapebas. Embora o município exporte quase toda sua produção de minério de ferro para a China, ele ainda depende fortemente de insumos e equipamentos importados do território americano. Os dados foram levantados e analisados por Jorge Clésio.
Dados recentes, referentes ao período de janeiro a junho de 2025, escancaram a dependência estrutural da cidade:
Exportações para os EUA: 0,02%
Exportações para a China: 75%
Importações dos EUA: 68%
Importações da China: 12%
Ou seja: Parauapebas praticamente não vende nada para os Estados Unidos, mas compra deles a maior parte dos produtos necessários para manter seu parque produtivo funcionando — como peças de maquinário pesado, componentes industriais, tecnologias de logística, sensores e equipamentos para mineração.
Risco direto às operações
Caso a retaliação prometida pelo governo federal se concretize, o aumento nas tarifas pode encarecer significativamente as operações no município. Isso significa mais gastos para a mineração, para o transporte de cargas e até para as obras públicas que utilizam equipamentos com peças importadas. A consequência será sentida no custo final de produção, no ritmo da economia local e até no bolso do trabalhador.
A China não substitui os EUA
Apesar de a China ser o principal destino das exportações de Parauapebas, ela ainda não é capaz de substituir os EUA como fornecedor de tecnologia e peças de alta performance. O fornecimento chinês esbarra em questões como confiabilidade técnica, prazos de entrega e disponibilidade imediata. Isso torna a substituição de fornecedores uma missão arriscada e demorada.
Enquanto o governo brasileiro mira os EUA com medidas de reciprocidade, especialistas apontam que quem pode sair prejudicado é o próprio Brasil — especialmente polos produtivos como Parauapebas, que não possuem alternativas rápidas para substituir os insumos americanos. O impacto pode não ser sentido imediatamente nas prateleiras, mas se manifestará com força na cadeia produtiva, elevando custos e travando projetos.
Cite a fonte Portal Parauapebas, em caso de reprodução total ou parcial deste conteúdo. O uso de material jornalístico sem autorização ou sem a devida citação da fonte viola a Lei nº 9.610/98, que dispõe sobre os direitos autorais.