O preço da gasolina voltou a ser um dos temas mais comentados no Brasil em 2025. Com o litro ultrapassando os R$ 6,30 em várias regiões, consumidores cobram explicações e apontam o peso dos impostos, da política de preços da Petrobras e da instabilidade econômica como causas principais.
O preço médio nacional da gasolina em abril de 2025 chegou a R$ 6,37 por litro, segundo a ANP. Em algumas capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, o valor já passa de R$ 6,50. Essa alta gerou reações nas redes sociais, protestos em sindicatos de transporte e pressão sobre o governo federal para reduzir os impostos.
Qual o papel dos impostos no preço da gasolina?
Grande parte do valor pago pelo consumidor vai para o governo. Em fevereiro, o ICMS foi reajustado para R$ 1,47 por litro. Somando-se a isso os tributos federais (Cide, PIS/Pasep e Cofins), a carga tributária representa mais de 40% do preço final da gasolina.
A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis (Fecombustíveis) afirma que o atual modelo de tributação penaliza o consumidor e prejudica a transparência na formação de preços.
Como o dólar influencia o preço da gasolina?
A cotação do dólar impacta diretamente a importação do petróleo e dos seus derivados. Mesmo com parte do combustível sendo produzido no Brasil, o mercado é internacional. O barril de petróleo é cotado em dólar, e o câmbio pressionado em 2025 contribui para manter os preços elevados, mesmo sem reajustes diretos da Petrobras.
A Petrobras está segurando os preços?
Desde 2023, a Petrobras abandonou a política de paridade internacional (PPI), que atrelava os preços dos combustíveis ao dólar e ao barril de petróleo. Em 2025, a estatal tem segurado aumentos para evitar repasses à inflação, mesmo com a valorização do dólar e alta no petróleo.
Isso gerou uma defasagem de até 13% nos preços internos em relação ao mercado internacional. A prática reduz o impacto no curto prazo, mas pode comprometer a saúde financeira da Petrobras e afugentar concorrência no setor.
Comparações entre governos: o que é real e o que é mito?
Redes sociais estão repletas de comparações entre os preços da gasolina nos governos Lula e Bolsonaro. Muitos desses conteúdos são enganosos ou fora de contexto. Em 2021, o preço chegou a ultrapassar R$ 7 em algumas cidades, mesmo com isenções de impostos. Já em 2025, os valores seguem altos por causa da retomada tributária e do cenário global.
Comparações simplificadas ignoram fatores como guerra na Ucrânia, pandemia, variação cambial e política de preços da Petrobras.
CBios: o impacto invisível dos créditos de carbono
A política de créditos de descarbonização (CBios), que obriga distribuidoras a comprarem certificados para compensar emissões, representa um custo adicional. Apesar do objetivo ambiental, esses valores são repassados ao consumidor.
Muitos motoristas desconhecem esse encargo, que pode adicionar de R$ 0,04 a R$ 0,08 ao litro.
Custos de distribuição e margem de revenda
Outro ponto importante é a logística. O transporte de combustíveis até os postos, os custos operacionais dos revendedores e a margem de lucro final impactam o valor repassado ao consumidor. Em regiões mais afastadas dos centros de distribuição, como Norte e Centro-Oeste, a diferença chega a R$ 0,40 por litro.
O que dizem os donos de postos
Proprietários de postos afirmam que as margens de lucro vêm caindo, mesmo com o aumento dos preços. Segundo o Sindicato dos Revendedores de Combustíveis, muitos postos operam no limite do custo fixo, especialmente em cidades menores.
O que esperar nos próximos meses?
Especialistas do setor preveem que, sem nova intervenção do governo ou revisão tributária, os preços devem continuar altos. A tendência é que novos reajustes sejam necessários caso a Petrobras volte a alinhar os preços com o mercado internacional ou se o dólar seguir valorizado.
A pressão sobre o governo aumentou, e já há discussões sobre uma possível reforma na cobrança do ICMS em nível federal, mas não há definição até o momento.
Perguntas frequentes sobre gasolina em 2025
A gasolina vai baixar este ano?
Não há expectativa de queda relevante. O cenário cambial e o custo internacional do petróleo continuam pressionando.
Vale a pena migrar para o etanol? Depende da região. Onde o etanol custa até 70% do valor da gasolina, compensa. Em muitos estados, a diferença é pequena.
O que o governo pode fazer para reduzir o preço? Pode revisar impostos, estimular produção interna ou ampliar subsídios temporários, mas todas as opções têm impacto fiscal.