O estado do Pará atualmente possui a tarifa residencial de energia elétrica mais elevada em todo o país. Em agosto, entrou em vigor um aumento médio de 11% nas tarifas da distribuidora local, Equatorial PA, elevando o custo da energia consumida por kWh (quilowatt-hora) para R$ 0,96, excluindo impostos e a taxa de iluminação pública. Esse valor é superior à média nacional de R$ 0,72 por kWh.
A Equatorial Pará, que assumiu as operações da antiga Celpa em 2012, atende cerca de 2,9 milhões de unidades consumidoras no estado. Antes do reajuste, o Pará ocupava a quarta posição no ranking nacional de custo de energia. No entanto, após esse aumento, ultrapassou a Enel Rio, que atende 66 cidades do interior fluminense, tornando-se o estado com a energia mais cara do Brasil, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) até 18 de setembro de 2023.
A distribuição de energia no Pará enfrenta desafios adicionais devido à necessidade de atender áreas remotas com uma baixa densidade de consumidores. A distribuidora cobre todos os 144 municípios paraenses, abrangendo uma vasta área de 1.248 mil km², equivalente a cerca de 14,7% do território brasileiro. Isso resulta em uma média de apenas 17 consumidores por km².
Um estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA) revela que, nos últimos dez anos, as tarifas de energia para os consumidores no Pará aumentaram em impressionantes 171,33%. Em contrapartida, a inflação oficial no mesmo período, de 2013 a 2023, foi de 73%.
Esses reajustes substanciais nas tarifas de energia ao longo da última década têm tido um impacto significativo na população paraense, especialmente considerando o baixo rendimento do estado. Isso resulta em um aumento do custo de vida e dificuldades na atração de investimentos devido aos custos elevados de instalação, manutenção e operação. O economista Everson Costa, supervisor técnico do Dieese-PA, enfatiza que a elevação dos preços da energia prejudica diretamente os indicadores socioeconômicos do estado.
Em cidades como Parauapebas, que contribuem substancialmente para o estado devido à extração mineral, a alta cobrança pelo consumo de energia não é diferente. A população tem há tempos reivindicado melhorias por parte da Equatorial Energia. Em setembro de 2022, uma audiência pública foi realizada para ouvir os moradores sobre o desempenho da empresa em Parauapebas.
As críticas à concessionária aumentaram, especialmente após tempestades que atingiram a cidade em setembro de 2022, deixando diversos bairros sem energia elétrica. A demora na restauração do fornecimento de energia, que causou prejuízos a indivíduos e empresas, gerou indignação e levou moradores de diferentes bairros a realizar protestos.
Diante desse cenário, surge a questão: será que não é hora de a população se mobilizar novamente e demandar melhorias à Equatorial Energia?