O massacre de Eldorado do Carajás completa 29 anos. No dia 17 de abril de 1996, cerca de 1,5 mil trabalhadores rurais sem terra marchavam pela rodovia PA-150, em Eldorado do Carajás, sudeste do Pará, para exigir a desapropriação da fazenda Macaxeira, ocupada por 3,5 mil famílias.
No fim da tarde, 155 policiais militares cercaram os manifestantes na curva do S e abriram fogo. Dezenove camponeses foram assassinados no local e outros dois morreram no hospital. Laudos médicos confirmaram que dez vítimas foram executadas à queima-roupa, com tiros na cabeça e na nuca. Sete foram mortos a golpes de facão e enxada.
Em 2012, o coronel Mário Colares Pantoja foi condenado a 228 anos de prisão, e o major José Maria Pereira de Oliveira, a 158. Atualmente, nenhum deles cumpre pena em regime fechado.
Maior massacre no campo do Brasil
O massacre de Eldorado do Carajás é considerado o maior massacre no campo já registrado no Brasil em tempos recentes. Nenhum outro episódio de repressão a trabalhadores rurais organizados em manifestação resultou em número tão alto de mortos e tamanha brutalidade policial. No total, 21 camponeses foram assassinados na ação da Polícia Militar do Pará.
Para efeito de comparação, outros episódios violentos marcaram a história do país, como a Chacina de Vigário Geral, no Rio de Janeiro, com 21 mortos em 1993, e o Massacre da Candelária, também no Rio, que matou 8 jovens no mesmo ano. Na história mais distante, a Guerra de Canudos, na Bahia, terminou em 1897 com cerca de 15 mil mortos, mas ocorreu em contexto de campanha militar contra um movimento popular armado.
Eldorado do Carajás permanece, quase três décadas depois, como símbolo da violência no campo e da impunidade no país.
Texto: Portal Parauapebas foto Foto: Nelson Almeida