Canaã dos Carajás ostenta um dos maiores PIBs per capita do país, segundo dados do IBGE de 2025, impulsionado pela mineração de ferro e pelos pesados investimentos da Vale. A cidade, que até pouco tempo vivia à margem do desenvolvimento regional, hoje anuncia vagas de emprego com carro de som pelas ruas. Mas quem chega em busca de oportunidade se depara com um custo de vida que assusta.
O aluguel de uma simples kitnet varia entre R$1.000 e R$1.200. Já uma casa modesta custa entre R$1.700 e R$2.200 por mês, valores que consomem boa parte do salário de quem trabalha no município. Comer, abastecer o carro ou fazer feira também pesa no bolso. Morar em Canaã dos Carajás custa mais caro do que em Marabá, Eldorado, Curionópolis e até mesmo Parauapebas.
A cidade se transformou em um polo econômico, mas não se preparou para os impactos dessa transformação. O boom da mineração inflacionou o mercado imobiliário e pressionou os serviços. Mesmo com o aumento na arrecadação, moradores reclamam da dificuldade para equilibrar as contas e garantir o básico. Muitos trabalhadores vivem em cidades vizinhas e enfrentam longos deslocamentos diários para escapar do custo de vida elevado em Canaã dos Carajás.
A dificuldade em fixar mão de obra no município já afeta diretamente o setor produtivo. Empresários relatam cada vez mais problemas para preencher vagas, mesmo com ampla divulgação e oferta de oportunidades. O alto custo para viver na cidade afasta trabalhadores e torna o recrutamento um desafio constante.
Enquanto a riqueza gerada pela extração de minério movimenta cifras bilionárias, a população local lida com a disparidade entre os indicadores econômicos e a vida real. Canaã dos Carajás cresceu rápido, mas deixou para trás quem deveria estar no centro do desenvolvimento.