O Superior Tribunal de Justiça (STJ) afastou por seis meses o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa Castro, após a Polícia Federal revelar um esquema de desvio de recursos públicos que teria movimentado R$ 73 milhões em fraudes relacionadas à distribuição de cestas básicas. A investigação aponta que o grupo utilizava empresas de fachada, documentos falsos e até cestas “emprestadas” de mercados para enganar fiscais da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas).
O escândalo ganhou novas dimensões após a divulgação de áudios em que Wilton Rosa Pires, servidor da Secretaria de Meio Ambiente e irmão do empresário Paulo César Lustosa, admite ter usado cestas “emprestadas” de supermercados para burlar a fiscalização. O conteúdo reforça a tese de que as mesmas cestas eram reaproveitadas diversas vezes para comprovar entregas fictícias em programas sociais.
Segundo a Polícia Federal, o esquema teria sido articulado dentro da própria estrutura do governo, com atuação direta Governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa desde o período em que ocupava o cargo de vice-governador. Ele controlava a Setas, responsável pela distribuição das cestas, e teria mantido o esquema ao assumir o governo.
Paulo César Lustosa, apontado como o principal operador do grupo, coordenava as fraudes por meio de empresas de fachada e contratos superfaturados. Os investigadores identificaram movimentações financeiras incompatíveis e indícios de lavagem de dinheiro envolvendo pessoas físicas e jurídicas ligadas ao núcleo político do governo.
Em sua decisão, o ministro Mauro Campbell destacou que Governador do Tocantins “transformou o governo em um balcão de negócios”, justificando o afastamento para preservar a continuidade das investigações e evitar interferências. O STJ também determinou bloqueio de bens dos investigados e quebra de sigilos bancários e fiscais.
O afastamento do Governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa mostra a instabilidade política no Tocantins. Desde 2006, nenhum governador eleito democraticamente concluiu o mandato, cenário marcado por cassações, prisões e denúncias de corrupção. O último a encerrar o período de governo foi Marcelo Miranda, em 2006. O caso atual já é considerado um dos maiores esquemas de desvio de recursos sociais da história do estado. Foto: Antônio Gonçalves.